quinta-feira, 31 de março de 2016

Renascendo, mais uma vez


Quando será a busca se finda?
Quando será a Paz se instala?
No momento que a dor já doeu tanto que amorteceu? 
No momento que a certeza já não existe mais? 
No momento que a vontade já não acha o rumo?
No momento que a Luz se perde e os caminhos se tornam todos probabilidades errantes? 
Ou será quando tudo isso já passou e o silêncio se instala, sem muitas explicações?


Aqui estamos nós então. O silêncio ensurdece e ecoa na alma.
Perdas deixaram cicatrizes profundas que fazem parte do caminho e devem ficar para lembrar do que foi. O coração - este herói, vamos admitir - continua batendo, mesmo sem saber porquê ou para quê. E a alma...esta está voando, olhando tudo, assimilando, meditando, tentando compreender. É a única sã, acredito, a única que pode resolver afinal.

Foram milênios de muitos aprendizados. Milênios de erros e acertos se intercalando e se complicando a cada nova investida de vida. Milênios. Estou cansada deles, confesso. Não arrependida, mas cansada.

Sinto falta de pessoas que não tenho mais como tocar, e que tocavam profundamente meu coração. Sinto falta de mim quando estava com elas... mas elas se foram , eu fiquei. Isso significa algo.
Significa que no final estamos realmente todos sós.
Não há nada no outro que possa nos curar definitivamente. Ele serve de espelho, de amparo, de estopim... mas não de cura. A cura é sempre interna.

Para se curar, foi necessário estar só. A solidão foi o único passaporte para a estrada que vai para dentro. Para todos nós. E nós fomos.

Alguns conscientes, outros nem tanto, mas mergulhamos, caímos, sofremos vendo o mal que instalamos dentro de nós mesmos, como fomos maus com nossa alma. Tivemos pena dela, depois compaixão, depois compreensão e finalmente...gratidão. Gratidão por tudo que ela nos trouxe, pela força doce que carrega, pelo carinho e paciência com o resto de nós não tão puro, nem tão real.

A Alma acendeu uma Luz por dentro e deixou tudo à mostra. Chocou para quem viu. Mas não teve saída, uma vez visto, nunca mais esquecido. Mas tanta beleza foi revelada no processo...
E foi apenas uma vida! Uma!

Morremos e renascemos tantas vezes nesta vida que chego a pensar ser insanidade...
E agora? Está pronto para deixar de fazer isso? Está pronto para deixar de morrer, sofrer, tentar, culpar, doer, julgar, esperar, curar? Está pronto para não mais ter o que curar?

Não há mais cura, pois a doença se foi. Mesmo porque ela nunca realmente existiu, já que ela sempre se chamou Ilusão. Tinha cara de medo, raiva, dor, solidão, angústia, mágoa, tristeza, mas era na verdade a Ilusão nos separando de nós mesmos.
Apenas Ilusão? Sim. Você não sofre pelo outro, sofre por você, não é culpa de ninguém, apenas sua, não está sozinho, você é simplesmente completo e suficiente. Essa é a cura, e ela já chegou e chama-se Verdade.

O que fazer então, depois da cura, depois da verdade? Como navegar no mar da realidade com os vícios que a Ilusão deixou?
Reaprendendo.
É muito estranho, pois a primeira impressão é que os antigos passos certos possam ajudar. Dificilmente vão. Eram feitos para aquele momento, e não para este. Este momento é novo e especial. Totalmente novo para ser descoberto e vivenciado a cada pedaço, cada sabor e cada desafio de uma nova maneira.
Não há solução para o Agora no passado. É tudo completamente diferente. É preciso ser diferente. Até que ponto? Isso é com cada um. Cada um sabe o que não funciona mais. 

Eu, na minha estrada, ainda estou mudando. Já joguei muito fora, já transformei tudo que toquei, e ainda não consigo ver a Paz instalada completamente. Ainda não está tudo como desejo e sei que posso criar.
Há vícios ainda tentando me convencer de que o velho pode trazer o novo, sem eu perceber.... mas não pode.
E ainda os liberto, um a um, quando se mostram timidamente. Com Amor. Afinal, foram minha força um dia.
E uma imensa sala vazia começa a surgir...

Não vejo a hora da nova festa finalmente começar dentro dela. Preparo então a cada dia, com muito carinho, escolhendo muito bem as emoções, pensamentos, atitudes que a valorizem e a dignifiquem. Limpo os cantinhos, perfumo o ar e decoro as paredes com Luz...

Um dia pronta, e será breve, poderei compartilhar meu Eu novamente com Sabedoria. Sei que está próxima a Ressurreição...  E estão todos convidados para celebrar




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