segunda-feira, 16 de maio de 2016

Meu Amor ao planetinha Azul

Eu corria pelas estradas da Via Láctea.

Corria com meu vestido branco leve, meus cabelos negros ao vento, pisando nas estrelas como se fossem pedras mágicas que levavam ao caminho da Luz.
Era imensamente prazeroso. O Universo aos meus pés.. e nas minhas mãos, no meu olhar, no meu coração.

Afinal, o que é existir, senão caminhar no Universo livremente, escolhendo direções, experiências, companhias, verdades, transformações, conquistas?

Em um momento, porém, um ponto azul me chamou atenção. O que era aquele lugar?
Algo misterioso me atraiu imediatamente.. e foi para lá que fui, espontaneamente.



O que havia ali de tão especial para me encantar tanto? 
Foi o que descobri com os anos, séculos e milênios depois que aterrizei no seu solo vivo. Absorvendo, compreendendo, desvendando, crescendo.

Ali, em meio a tantos desafios, a tanta diversidade de energia e tantas formas de Amor, em meio ao que eu nunca havia visto e nem sentido nos outros lugares e estrelas que havia tocado, eu me libertei. 

Libertei o ser inexperiente e imaturo que havia em mim, e deixei o meu Mestre de Luz olhar pela primeira vez um nascer do Sol.
O Sol nascia naquele lugar azul em cada Era que surgia, depois que a anterior se despedia.
O Sol trazia mais desafios a cada etapa, junto com memórias cansadas, alguns pesos de bagagem das etapas anteriores, mas nascia. Sempre.
Com o tempo - e as Eras - tudo se tornou imensamente pesado, entretanto. A estrada havia ficado estranha. Havia memórias em todas as partes de mim, eu já não corria como antes, mas andava lentamente, lamentando perdas, dores e medos.
A corrida pelo planeta Azul havia chegado a um ponto insustentável e algo precisava acontecer.

Os aprendizados se confundiam com as perdas, e se tornava impossível seguir com segurança. Os seres se dividiam em bons e maus, livres e presos, belos e feios, grande e pequenos, em uma confusa ilusão ilimitada. Nada era visto como realmente era. Nada. Os véus de ilusão causados pelas dores eram inúmeros, e eu me perdia de quem amava... Doeu. Doeu muito.

As saudades dentro do meu peito a cada nova vida eram maiores e mais difíceis de vivenciar.

Onde estavam meu queridos, meus amores, meus sorrisos, minha paz? Haviam partido. Pelo menos para mim.
As confusas estradas do planeta me jogavam mais e mais aos seres com quem eu mantinha relações complicadas, doloridas, insustentáveis no Amor. Seguir se tornava tão cansativo que em muitas investidas, desisti.

Mas nada parava, os ciclos seguiam ininterruptos, e eu voltava exatamente ao ponto de onde tinha partido. Simples assim.
Voltas, ciclos, lágrimas e soluços. Já não havia muita coisa a comemorar, e eu quase nada me lembrava do ser esvoaçante que percorria a galáxia a procura de emoções e alegria, ou aquele que havia chegado tão cheio de vontade de aprender. Eu era pequena e triste.

Mas ali era o lugar onde o Sol sempre nascia... e um dia ele nasceu novamente. Nasceu com um poder renovado e intenso, muito mais forte do que havia sentido.
Desta vez ele renovou as energias do planetinha azul, liberou as energias confusas, causou limpezas e especialmente... despertou as magias esquecidas.

Foi um dia qualquer. Eu parei e senti. Tudo estava lá novamente. O motivo que me trouxe, as experiências irresistíveis, a beleza ímpar. O planeta estava sendo curado. Eu precisava participar! Mas estava tão pesada... tão dolorida, tão só...

Não importou nada disso. O planeta cantou seu mantra e me chamou. Olhou para meu coração e disse que havia Amor dentro dele. E eu fui.

Meus velhos pedaços foram se libertando com muita dor. Rasgando velhas verdades que já haviam se enraizado em mim, e sagrando antigos padrões que precisavam ir. Não desisti - a beleza do planetinha azul valia a pena e minha beleza também. Havia ali um encanto especial que me dizia que eu mesma era capaz de me reinventar se continuasse onde estava. E seria inesquecível.

Fui. Voltei. Fui novamente.
Foram rodas e círculos de vida, a cada um, um novo passo a seguir na estrada. Houve vezes que chorei. Outras quase desisti. Mas desta vez, a cada dor um pedaço velho se ia, e ficava mais fácil seguir.
Até que um dia... todas as estrelas cantaram.
Foi um mantra magnífico de todos os lugares proclamando que o planetinha estava pronto. E eu também.

Neste momento toda a minha ansiedade se acalmou. Meu coração ficou manso, e minha mente eternizou o vazio. Meu espírito de Luz assumiu o controle, e tudo que senti foi fluidez... Eu fluí.
Vi os tempos, as eras, as pessoas. Vi meus erros, acertos, e os dos outros. Não julguei mais, não havia mais porque. Estava tudo certo.
Está tudo certo.

Hoje eu flutuo nestas ondas novas. A saudade das estrelas já se acalmou dentro de mim, pois minha maior prioridade é completar o que vim buscar por aqui.
Meu coração encontra meus antigos iguais aos poucos, se liberta com gratidão dos diferentes, e a solidão quase se curou completamente.
O planetinha Azul cresceu, se torna uma estrela de Luz consciente e próspera a cada dia.
Eu espero e participo. Agora entendo o meu lugar.

Até que uma noite destas me lembrei daquele primeiro momento, quando caminhava nas estrelas e fui incrivelmente atraída para cá. Vi exatamente o que meu ser quis encontrar.
O planetinha Azul me trazia esperança. Era uma incógnita, uma história em branco a ser escrita. Foi isso que vim buscar. A esperança do novo, a eterna chance de se reinventar.
O antes planetinha azul brilhava oferecendo novas e inéditas sensações e autoconhecimento inimaginável em qualquer outro lugar da galáxia. E foi exatamente isso que proporcionou.

Então aqui, sentada em seu colo, abraçando seu solo sagrado, embebida em sua luz, eu agradeço.
Agradeço e permaneço para completar esta aventura.
Outras virão. E nunca mais serei a mesma depois de pisar neste chão tão plural...
Nunca mais serei a mesma, porque hoje sou filha dele, além de filha de quem um dia me criou.