sábado, 10 de dezembro de 2022

Filha por um dia

 


Dói demais. 

É como se o mundo todo se tornasse tão difícil, diferente e incoerente ao ponto de não conseguir caminhar mais com a certeza antiga. 

Era simples: eu amava do meu jeito, as coisas fluíam, e continuava. Alguns desafios, percalços, enfrentamentos, aprendizados, e continuava. Mas de repente as coisas não eram mais assim. Minha armadura não era mais tão impenetrável, minha força tão intensa, talvez minha vontade deixou de ser tão convicta. Afinal, para que tudo serve nas relações, nas famílias, na estrada da vida? 

O quanto vale priorizar algumas relações e seus preços? O quanto custa ser querida, amada e acolhida? 

Depois de tantos anos de perdas nas relações, de precisar escolher entre valores e pessoas, de olhar a mim e aos outros sem filtros, agradeço melhorias que sinto dentro de mim, mas não posso dizer que não doa muitas vezes ainda. Não consegui ainda ser um ser estelar independente, que entregou sua linhagem terrena e assumiu um posto livre no planeta. 


Somos educados a viver entre os "nossos" e a acreditar que eles sempre seriam estrutura, força e segurança. Ver que isso simplesmente não se aplica na sua jornada, que foi tudo uma grande ilusão que causou tantas feridas e crescimento, que mesmo que funcione para a maioria, não é para você... Dói. 

Mesmo que eu entenda cada passo desta desilusão, mesmo que não tenha nenhum passo que me arrependa, mesmo que sustente todas minhas falas, posturas a atitudes porque foram baseadas em verdades profundas, não posso dizer que não doa muitas vezes. 

Hoje doeu. Hoje eu quis pertencer. Hoje eu quis estar entre aqueles que teoricamente seriam minha rocha. Mas estou aqui, na ilha de Mãe Kuan Yin agradecendo sua misericórdia e compaixão. Deitei nas águas de Nanã e aceitei suas curas de lama na alma. Pedi e recebi, então agradeço, mesmo tão triste. 


Eu sei que amanhã estarei em pé, disposta a aprender o próximo passo, com a força de Miguel e El Morya, mas hoje preciso apenas do sorriso de Mãe de Kuan Yin e Nanã. Encher meu coração de filha. Sim, as vezes - muuuuuito as vezes - sou filha de alguém. 

Amanhã volto ao olhar no horizonte, buscando e alcançando, acolhendo e motivando, facilitando o outro e feliz por isso.

Hoje é dia de colo. Ainda bem que tenho, mesmo que seja tão sutil aos olhos, é potente na alma. E é a alma que sangra. 

Então está tudo certo. 

domingo, 25 de setembro de 2022

Seguindo...



Eu sigo. 

Continuo.  

Respiro, inspiro, tento soltar, e ainda assim existir. Mas mesmo assim cada dia é uma jornada imensa na direção de um reencontro. Ou renascimento, talvez.

Minha mente mantém os antigos registros de verdades, vivências, lutas e curas geradas. Infinitamente controlada por eles, se torna meu grande desafio diário. 

Que diria? Eu, a mentalmente sã, a funcional e lógica, a acertiva lúcida, dizendo que a a mente me prega peças. 

A humanidade se questionando lá fora se poderia controlar ou não uma Super Inteligência Artificial, sendo que não controla nem mesmo a própria mente... Onde está a dúvida minha Deusa? 

As "Inteligências", sejam as naturais ou artificiais, apenas armazenam o que já viram e tiram conclusões futuras baseadas em fatos passados. Apenas isso. Não há criatividade, não há revolução, não há o Novo. Não há Cura. 

Para sobreviver, me proteger, não sofrer,  alcançar metas e ser operacional e útil, deixei meu campo mental tão vasto e poderoso, que sinto tudo permeado por ele, como uma grande IA. Mas é minha. 

Ela manda. Ela reage, ela cria. Ela chegou a conclusão de que outra forma de fazer cria dor, uma após a outra, e dor cria fraqueza, frustração, tristeza... E este é um lugar muito desconfortável de estar. Neste lugar precisamos de resgate, e sinceramente... Ele pode não vir. 

Então, continue. Caminhe. Siga. Enfrente. Supere. Mantenha. 

Eu mantenho. Mas até onde? Para que mesmo? Com que norte? 

Nublado. 


O mundo mudou demais, verdades antigas foram transformadas, e nada mais pode ser visto como foi. A mente fica insegura. Afinal ela se baseia no que já viveu, e se isso não conta mais... O que conta? 

Não sei responder com certeza. Para a mente não sei. Apenas sei o que conta para a alma.

Leveza. Liberdade. É o que a alma clama sem parar, debaixo das camadas mentais duras e tão inflexíveis. A alma precisa respirar. 

A minha respira pelo som do Espírito, e quando O encontra, vê a Luz, e tudo está bem. Tento segurar a sensação o máximo que posso, mas inevitavelmente quando aterro os pés na matéria, tudo se desfaz. Volta a dureza, o foco, a desconfiança criada por tantas frustrações, abandonos e perdas, e a mente assume seu papel superprotetor. 

Uma dinâmica doente e improdutiva, tenho completa consciência disso. Mas confesso que neste limite de forças, está sendo desafiador resistir, sentir, criar ou soltar a tal dinâmica instalada. 

Meu corpo emocional se comporta como um bichinho machucado sentindo tanta dor que se  torna raivoso, afasta até a ajuda. Tudo que ele quer é não sentir mais dor. Só isso. E qualquer movimento dói ... Até o de cura.

Neste momento invoco a Grande Mãe. A mentora da Vida em Gaia, a Senhora de Todas, e nas Rodas de Irmandade eu suplico compreensão. 

Uma onda de Luz se faz, minha alma se desprende, e entro na Ilha de Mãe Kuan Yin, navegando nos mares revoltos das emoções descontroladas e intensas, e aporto na sua praia pedindo abrigo. 

Ali, todas somos recebidas. Ali, somos apenas suas Filhas. Ali, o peso pode ser deixado de lado. 


Peço para encontrar minhas fragilidades e abraçar todas elas como quem abraça uma grande irmã. Sentir que são portas do Sentir, que me dão beleza e cor mesmo na escuridão e que são meu caminho de Cura. 

Descansar. 

Apenas isso. 

O que será depois, ainda não sei, mesmo porque saber é função da mente e aqui ela não é nem ativada. 

Fluirei então, recarregando minha alma, tentando fechar minhas chagas e reencontrar meu Ser completo, com todas as suas partes. Preciso muito da Mãe. Ela me acolhe. 

Não sou apenas o que gero e ofereço, sou o que sinto e vibro, e este caminho de Consciência agora precisa ser refeito. 

Jornada. Ninguém larga a mão de ninguém. Vamos todas juntas para o reencontro com nós mesmas.  Gratidão. 

E assim é. 

quinta-feira, 14 de julho de 2022

A jornada da Heroína


 Tao tão cansada. 

Mas tão tão mais sábia.

Cheguei no limite do dar. Cheguei no ponto que oferecer dói tanto que fica impossível fazer sorrindo.

Ver a dor ao meu redor, olhar o coração fechado e contorcido ao meu lado pedindo socorro sempre foi algo insuportável para vivenciar, algo impossível de ignorar. 

Sempre abri as entranhas para encontrar algo que pudesse sanar as dores que via ao meu redor. Com o tempo fiquei mestra em encontrar qual parte de mim poderia ser a doação da vez. E funcionava. 

Pedaços meus que iam sendo arrancados e oferecidos, com uma sensação incrível de satisfação pessoal e dever cumprido. Minha alma se completava em perder algo que fosse a cura do outro. Era como se o meu poder estivesse em ter algo que sanasse cada problema, ferida, expectativa, e nunca eu diria não a essa sensação de poder. 

Vasculhar meu coração, minha mente, meu espírito, e identificar o antídoto para o outro significava ter valor, ser importante, cumprir meu dever. 

De que importavam os buracos que se abriam em mim? Qual a importância do vazio que se formava ao longo do tempo que eu nunca era o foco , o propósito da vez?

O importante era o sorriso que eu criava com minha "capacidade". A gratidão, a alegria e as mudanças que iam acontecendo nas jornadas de cada pessoinha que eu tocava...isso era o alimento, a justificativa, a explicação, a razão de tudo. 

Mas fiquei para trás. Aos poucos fui ficando para trás. 

As vidas mudavam, se alavancavam, se recriavam... As pessoas renasciam em novas consciências, e era lindo. Mas eu ficava. 

Com o tempo eu não me sentia mais tão poderosa. O valor parecia não significar a mesma coisa. Meus buracos eram tão numerosos que já não podia contar, nem curar com equilíbrio. 

Eu doía. Eu chorava. 

Fiquei dura, fiquei fria, para suportar e seguir. Depois fiquei nada. Mas continuei. Sempre havia o que oferecer. 

Eu fui enquanto havia força. Eu fui enquanto havia alguma luz. Mas acabou. 

Agora tudo me parece sem sentido algum, como um livro escrito em língua que não conheço. Vejo as pessoas muito, muito melhores do que eu as encontrei, e mesmo tão feliz por elas, isso não me ancora na minha verdade mais. 


Preciso do chão, preciso dos meus pedaços infinitos de volta, preciso de mim. Mas não há pra quem gritar. Preciso chamar por mim mesma, pela minha Mestria tão perfeita em curar dores. Poderia ser a minha dor a prioridade da vez? 

Poderia eu mesma usar minha força para trazer algo que preencha este vazio, este nada, buscar luzes na escuridão, e fazer um caminho de vagalumes para minha alma caminhar? 

Poderia eu criar sorrisos dentro de mim como consigo em quem toco? Poderia eu tocar minha alma com o mesmo carinho e verdade? 

Espero que sim. 

É o que busco agora. Vejo cada um em sua estrada e vibro para que sejam felizes e prósperos, assim tenho mais calma para lutar minha batalha pessoal. A batalha de volta a mim mesma, seja eu quem eu seja, já que esqueci neste imenso tempo olhando apenas para fora. 

E sigamos mais uma vez. Que a Deusa esteja em mim.



A todas as ATHENAS incansáveis... Amor e Liberdade a vocês ❤️