quinta-feira, 14 de julho de 2022

A jornada da Heroína


 Tao tão cansada. 

Mas tão tão mais sábia.

Cheguei no limite do dar. Cheguei no ponto que oferecer dói tanto que fica impossível fazer sorrindo.

Ver a dor ao meu redor, olhar o coração fechado e contorcido ao meu lado pedindo socorro sempre foi algo insuportável para vivenciar, algo impossível de ignorar. 

Sempre abri as entranhas para encontrar algo que pudesse sanar as dores que via ao meu redor. Com o tempo fiquei mestra em encontrar qual parte de mim poderia ser a doação da vez. E funcionava. 

Pedaços meus que iam sendo arrancados e oferecidos, com uma sensação incrível de satisfação pessoal e dever cumprido. Minha alma se completava em perder algo que fosse a cura do outro. Era como se o meu poder estivesse em ter algo que sanasse cada problema, ferida, expectativa, e nunca eu diria não a essa sensação de poder. 

Vasculhar meu coração, minha mente, meu espírito, e identificar o antídoto para o outro significava ter valor, ser importante, cumprir meu dever. 

De que importavam os buracos que se abriam em mim? Qual a importância do vazio que se formava ao longo do tempo que eu nunca era o foco , o propósito da vez?

O importante era o sorriso que eu criava com minha "capacidade". A gratidão, a alegria e as mudanças que iam acontecendo nas jornadas de cada pessoinha que eu tocava...isso era o alimento, a justificativa, a explicação, a razão de tudo. 

Mas fiquei para trás. Aos poucos fui ficando para trás. 

As vidas mudavam, se alavancavam, se recriavam... As pessoas renasciam em novas consciências, e era lindo. Mas eu ficava. 

Com o tempo eu não me sentia mais tão poderosa. O valor parecia não significar a mesma coisa. Meus buracos eram tão numerosos que já não podia contar, nem curar com equilíbrio. 

Eu doía. Eu chorava. 

Fiquei dura, fiquei fria, para suportar e seguir. Depois fiquei nada. Mas continuei. Sempre havia o que oferecer. 

Eu fui enquanto havia força. Eu fui enquanto havia alguma luz. Mas acabou. 

Agora tudo me parece sem sentido algum, como um livro escrito em língua que não conheço. Vejo as pessoas muito, muito melhores do que eu as encontrei, e mesmo tão feliz por elas, isso não me ancora na minha verdade mais. 


Preciso do chão, preciso dos meus pedaços infinitos de volta, preciso de mim. Mas não há pra quem gritar. Preciso chamar por mim mesma, pela minha Mestria tão perfeita em curar dores. Poderia ser a minha dor a prioridade da vez? 

Poderia eu mesma usar minha força para trazer algo que preencha este vazio, este nada, buscar luzes na escuridão, e fazer um caminho de vagalumes para minha alma caminhar? 

Poderia eu criar sorrisos dentro de mim como consigo em quem toco? Poderia eu tocar minha alma com o mesmo carinho e verdade? 

Espero que sim. 

É o que busco agora. Vejo cada um em sua estrada e vibro para que sejam felizes e prósperos, assim tenho mais calma para lutar minha batalha pessoal. A batalha de volta a mim mesma, seja eu quem eu seja, já que esqueci neste imenso tempo olhando apenas para fora. 

E sigamos mais uma vez. Que a Deusa esteja em mim.



A todas as ATHENAS incansáveis... Amor e Liberdade a vocês ❤️

Nenhum comentário:

Postar um comentário