quarta-feira, 22 de março de 2017

Pausa

Eu fiquei calada.
Saí de cena da minha constante caminhada, e me permiti vagar
Fiquei vagando no mundo de fora, no mundo do agora, plena de mim.
Pedi um tempo. Um pausa, uma pausa com fim.
Eu pensei que saindo da minha história já tão desgastada, da dor, das minhas questões não respondidas,
Deixando de lado os infinitos fatos não resolvidos,
eu teria um pouco de Paz para respirar, antes de retornar.
Eu pensei que saindo de mim eu me esqueceria um pouco, e comigo iriam meus desassossegos ao vento.
Eu pensei que olhando para fora, daria menos importância ao que não veio,
e meu conceito pessoal seria renovado em instantes.
De certo é bom para a alma este ir e vir, o inspirar e expirar da vida,
estar a rodar sem saída, aceitar o fluxo e se largar...
É bom porque ensina e nutre.
Porque abre, porque amplia, porque faz transformar.
Ensina que a parte mais sombria da sua alma pode ser ainda mais bela que a ignorância externa,
na busca eterna do que está sempre perdido.
Ensina que o valor da Paz está principalmente onde ela não existe o tempo todo,
mas onde é algo querido, e almejada a cada respirar.
Ensina que você cresceu muito mesmo entre dúvidas, mas precisava se ausentar para saber
Mostra como estar buscando novos "Eus", sempre melhores e mais conscientes,
fez crescer,
mas não te deixou perceber,
como já atingiu tanto do que queria encontrar.
Ensina que voltar para casa, é realmente, voltar para dentro,
afinal não há lugar como a própria alma a te abraçar.
Nutre suas células de você mesma, nutre seu coração das vontades que sente
e não executa jamais.
Nutre teu desejo de finalmente,
existir com verdade, com vontade, com liberdade,
e alimentar sem medo, a semente,
que  contem tudo que é...
e libertar o que não é mais.
Eu fiquei calada.
Vi o mundo, ouvi gente, dormi mais, comi mais, fiz menos, eu acho.
Olhei muito ao redor e adiante, evitei dentro, orbitei em volta.
Disse coisas, fiz coisas, desfiz...
E depois desta enorme tentativa de ser feliz, eu voltei.
surpresa eu me olhei... estava exausta.
Já não via a hora de mergulhar no espelho, de me misturar com meu escuro novamente
Ja não via a hora de sentir meu ar, pesado ou não, mas meu, apenas e completamente meu.
Estava apertado quando saí, mas agora me sinto no infinito.
Boa esta história de sair.
Acho que o mundo expande na sua ausência. Ou sua visão sobre ele escancara enquanto não ficou controlando.
Não importa.
O que importa é que voltei, e minha alma voltou a falar.
Está saudosa de afeto, está querendo criar.
Está vibrando, poderosa, do tempo que ficou a meditar.
E eu, agradecida, apenas me largo, me deixo levar...
Por esta correnteza imensa que é meu sentir,
Vou vagando, vendo fluir...


Feliz, vou recompensar.