Feliz Ano Novo! Abençoado 2013!
O novo ar traz borboletas. Borboletas azuis, brancas, amarelas, ousadas e faceiras, pedindo para serem amadas e admiradas. Despretensiosas, convidam nossas próprias borboletas a sair do casulo dos sonhos e voar no céu. O novo mundo tem céu azul e limpo, mas um sol tão forte que ainda me cega...
O novo ar traz borboletas. Borboletas azuis, brancas, amarelas, ousadas e faceiras, pedindo para serem amadas e admiradas. Despretensiosas, convidam nossas próprias borboletas a sair do casulo dos sonhos e voar no céu. O novo mundo tem céu azul e limpo, mas um sol tão forte que ainda me cega...
Nunca senti isso antes. Depois de tanto tempo revivendo a
roda da vida, entre dores e amores, é a primeira vez em milênios que não sei o
que sentir. Ou fazer.
Há coisas belas no ar etéreo, o plano sutil se desmancha em
promessas de alegria e realizações. A natureza se refaz em brilho, novas
estruturas de energia se deixam admirar. A Terra resplandece, com uma força e
confiança que nunca pude assistir. Não que me lembre.
Dá quase para tocar. Mas ainda não consegui. É como uma vitrine ainda inatingível, um sonho
na tela do cinema. “É para mim? Vou poder sentir?”
Sim. É para todos que fizeram parte da história, mesmo sem
perceber. O ar transformado é a bênção dos loucos, dos insanos crentes no
amor... Mesmo para aqueles que ainda não conseguem senti-lo totalmente.
Fechando os olhos em silêncio, peço com vontade e fé para
entender por que. Onde está a trava que não deixa libertar o que voa através da
alma em alegria? Será que ainda é dor?
Sempre existiu o culto da dor e do medo, o medo de sentir
dor, antigos ceifadores de sonhos e sorrisos, vilões da alegria e vida. Isso eu conheço muito bem. Será
que é dor velha, que não merece mais existir? Simplesmente medo infundado, já
antiquado, de algo que não existe mais, apenas dentro de mim? Será que ainda
não saí da ilusão?
No meu caso, o desconforto se instalou no elemento ar
invadido pela água sempre descontrolada do meu ser. Emoções invadindo os
pensamentos. Minha respiração tem ficado difícil, tive algumas crises de
sinusite, e até meu plexo revirou nas horas críticas. Pura dificuldade em me
equilibrar no novo, enquanto enxergo o velho no plano físico ao redor de mim. O
que será que sinto?
“Não vamos perder mais nada. Já perdemos tudo para estarmos
aqui. Este novo mundo criado ainda invisível e sutil foi conquistado e não
dado, e por isso não pode ser levado nunca mais, ele só precisa se materializar
através de cada um que acredita e se liberta na sua verdade...”
Alívio na bela voz que me sussurra. “...não pode ser levado
nunca mais...”, “...se liberta na sua verdade...”
Perdas. Cansei de perdas. Cansei de decepções. Cansei de frustrações.
Cansei de sacrifícios, de lamentos e solidão. Cansei de tristeza sem fim. Não
quero mais nada disso.
Cansei de injustiças, de traições, de mentiras e falta de
amor. Cansei de acreditar, de investir, de sonhar, de ajudar sempre, de dar sem
pedir...e cair. Cansei do modo egocêntrico que algumas almas simplesmente tiram
tudo de outras, apenas porque acham que merecem. Cansei de ver um esmagar o outro,
justificando tudo com desejos e medos pessoais, desprezando a dor alheia.
Cansei muito.
Respirando bem fundo na alma, me olhando de dentro para
fora, dando vazão aos meus sentimentos mais escondidos – mas não menos fortes
por isso, acho que entendi finalmente. A voz me clareou.
Cheguei à conclusão de que estou é cansada mesmo. Cansada das
últimas batalhas, das últimas conversas, das últimas injustiças, traições e decepções. Cansada
de esperar o que não veio até o final. E não vem mais. Apenas isso.
Cheguei à conclusão de que cruzei a linha de chegada em
frangalhos. Terminei a prova, cumpri minha missão, mas preciso descansar. Foi
desgastante demais.
Não que não esteja feliz. Estou, e muito. Como todo
guerreiro que vence a batalha, comemorei com entusiasmo a chegada e a
conquista. Amo cada nova fagulha de luz que brota nas auroras dos dias, cada
centelha de vida desperta nestes últimos meses malucos de trabalho. Estou
muito, muito satisfeita. Mas isso não apaga as cicatrizes e o sangue que se perdeu.
Vi na aura da Terra que muitos estão como eu. Não é falta de
alegria ou de gratidão pelo que se criou. Não é que não se sente que tudo está
a um passo de começar a ter vida. É puro cansaço mesmo. Precisamos de descanso.
Pedi então às entidades da Luz e Amor que me dêem este
descanso. Um tempo para que minha energia se recobre, se adapte, se molde e se
conecte realmente à esta aura dourada que a Terra agora brilha. Um tempo para que eu faça minhas próprias borboletas voarem.
Parece que
ainda é forte demais para mim, que ainda não as deixei voar, mas sei que é temporário.
Alguns já saltitam e dançam por aí. Já liberaram o cansaço e
a dor, liberaram seus sonhos-borboletas e já estão conectados com tudo que é novo, fazendo a diferença
acontecer. Abençoados sejam! Que me inspirem!
Como muitos amigos em espírito que se dedicam à iluminação de
tudo que é mais oculto, clareando as sombras ao seu redor, eu sempre fui morosa
mesmo, limpando os últimos cacos que ficam. Inanna, a deusa que desceu os sete
portais do submundo para abraçar os que lá sofriam por qualquer motivo, agora
volta lentamente, um a um, recolhendo em
cada etapa um pedaço do que deixou para submergir.
Depois, com calma, acho que vou tratar cada borboleta de um jeito único e especial, como se fossem pérolas ou cristais, saindo uma a uma, com calma e carinho. Eu sou assim. Eu gosto assim.
Cada um é de um jeito, cada
um escreve sua caminhada da vida com uma poesia diferente, e somos todos belos igualmente. Que assim seja.
Para quem é parecido comigo, saiba que aos poucos recuperaremos nossas belas vestes de luz. A cada dia, veremos mais borboletas da vida nos convidando para algo novo e belo, trazendo nossas próprias borboletas para a matéria e seremos mais aptos a libertá-las com vontade e determinação. A cada novo amanhecer estaremos mais leves e confiantes novamente.
Para os outros que já voam, continuem a saltitar! Afinal, a natureza não
se apressa, nem atrasa. Ela tem seu próprio tempo. Quem somos nós para contrariar…
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