sexta-feira, 29 de maio de 2015

Sonhos tem prazo de validade

Sonhos. Todos nós os temos.

Eles nascem com cada um de nós, ou nós que nascemos com eles, não sei bem ao certo. O certo é que quando damos nossos primeiros suspiros pela vida, junto com cada gene, cada célula, cada memória armazenada nos campos sutis do nosso ser, estão todos eles ali, prontinhos... os nossos sonhos.
Gosto de imaginá-los como pequenos pacotinhos de Luz. Pacotes com potenciais, ideias, ideais, questões, curiosidades, missões. Pacotes de vida.

Estão todos ali, no freezer da alma, prontos para serem utilizados, e como qualquer coisa viva, não são iguais, nem previsíveis, e tem prazo de validade.

Sim, sonhos tem prazo de validade, como quase tudo neste e em todos os mundos. Nada é eterno.
Quando estão todos embaladinhos no freezer da alma sentimos tanta alegria, tanta capacidade, tanto potencial em tê-los ali, que sentimos que são eternos. Mas não são.
Os sonhos tem prazo para serem descongelados e utilizados. Um a um, cada um tem seu momento ideal para florescer, e seu ponto máximo de espera para isso.
Dizem "antes tarde que nunca", mas sinceramente, eu prefiro a hora certa, se possível, por favor. Sem prêmio de consolação, pois viemos viver e não nos consolar nesta vida.
Para se viver uma vida que realmente valha a pena, cada sonho tem seu momento de ser lembrado, analisado, tirado do freezer e vivido com seu total esplendor.Isso sim é viver com coragem. E não voltar atrás, não duvidar, não fraquejar. Uma vez tirado do freezer da alma, o sonho pede para ser realizado.
Toda dona de casa sabe que não se coloca nada de volta no congelador depois de descongelado, pois passa a não ter mais suas características primordiais, sua intensidade e frescor. Devolver o sonho ao freezer sem realizá-lo faz com que ele perca um pouco do seu brilho a cada tentativa. Cada vez que o acordamos, não o usamos, e o devolvemos, uma parte nossa - e dele -morre. Dói.

Sonhos delicados, como o de atingir a plenitude na vida sexual, ou encontrar o verdadeiro amor da vida, precisam de muitos outros sonhos realizados antes dele, para que possa finalmente ser descongelado e vivido. Antes ou tarde demais, trazem equívocos e não atingem seu objetivo na maioria das vezes.
Há, além do prazo, hierarquia nos sonhos então... e não respeitar esta ordem também não costuma ajudar. Há pessoas que precisam se tornar grandes profissionais para formarem uma família, há pessoas que precisam de uma família para se tornarem grandes profissionais. Não há certo ou errado, há apenas a necessidade de obedecer a sua própria cronologia de sonhos e não falhar com ela, por nada, nem ninguém...
Tentar viver sonhos fora do prazo - seja de uma infância saudável, de brincadeiras no parque, atingir o ápice de uma carreira profissional, viajar o mundo, sair com amigos, ou viver a maternidade - criam mais negatividade do que realização, seja por querer adiantá-los, seja por perder seu prazo e insistir neles.

E como não perder prazos e esquecer sonhos? Temos ciência de todos eles sempre, o tempo todo? Com a mente não podemos lidar com isso. A mente se confunde no dia a dia, nos medos e nas regras do mundo, e não lê a legenda dos sonhos.
Quem entende a legenda deles é o coração, este que tem linha direta com a alma. O coração os acessa, e é por isso que ele que tem que comandar as decisões da nossa vida...  Mente que é mente, obedece e faz acontecer... mais que isso, atrapalha.
Nossa vida é um realizar de sonhos. Realizar e sonhar, olhando dentro e fora, analisando e mergulhando dentro de nós para nos guiar, saindo, observando, convivendo, e fazendo acontecer pelo mundo, deixando nele a nossa marca. Tudo consiste no fluir.
Há os novos sonhos, quando novas buscas surgem e novos rumos são empacotados e acolhidos pela alma. Novos sonhos, evolução do espírito... tudo de bom.

O problema é seguir direto, nos direcionando apenas pelo que nos afeta por fora, nos preocupando com tudo e todos ao redor, e deixando de olhar para dentro do congelador para lembrar do que realmente importa.
Prazos podem estar vencendo e não fazemos nada por nós. Estamos com fome e procuramos comida fora. A alma murcha, a mente pira, e continuamos guardando o sonho para mais tarde, achando que é eterno, ou fingindo que ele não está lá. Ele está, está envelhecendo e você precisa dele para ser feliz.

Sonhos tem prazo de validade. A cada vez que uma data de sonho importante vai chegando no limite, a alma liga o alarme de vida. Ela grita. Sentimos tristeza, angústia, impaciência, raiva, desgosto... isso pode ser sinal que a data limite de algum sonho está prestes a vencer e isso tem que se tornar prioridade na nossa vida urgentemente.
Escalar uma montanha, construir um império, conquistar fama, trabalhar na Nasa, ser bailarina do teatro municipal, viajar pelo mundo de mochila, viver uma grande paixão, ter uma nova profissão... as datas são específicas, precisam ser reconhecidas para serem realizadas com plenitude... senão vão perdendo o brilho, até se tornarem inviáveis.... Precisam de cuidado, carinho, dedicação e planejamento. Sem desvios, sem desculpas, com vontade, alegria e sabedoria. Senão vencem... e não vingam.
Sonhos já vencidos que continuam na alma mudam de nome. Passam de sonhos para frustração. E não há retorno para isso. 
As frustrações vão entupindo nosso freezer ao longo do tempo, deixando cada vez mais difícil o acesso aos sonhos ainda possíveis. Confundem, cansam e nos massacram, destruindo nossa auto-estima.
A rotina é simples. Sempre olhar para nosso freezer procurando por sonhos e datas. Podemos encontrar algo que ainda não é hora de realizar, e devolvemos. Algo que é o momento de acontecer, e o retiramos, e o alimentamos com energia, sabedoria e amor. E seguimos para a manifestação e não nos deixamos desviar.
Mas podemos encontrar sonhos que já venceram. Ser atleta de olimpíada, ou jogador de futebol... Ser modelo de revista, ter muitos amores, ser a rainha do baile da escola ou ter uma festa de quinze anos.
Isso pode já ter vencido, e não é ruim.
Somos um mar de sonhos e é impossível realizá-los todos. São apenas nossas possibilidades infinitas oferecidas por um Universo amoroso que nos cerca. 
Quando algo já foi, sem nunca ter sido, não lamente mais, não leva a nada. É hora do desapego. 

Não caia nessa de guardar isso como um tesouro macabro, ou de projetá-lo nos filhos. É momento de liberar o sonho não realizado e sua energia, e entregá-lo novamente ao Universo. Sem dor.
Pense que não os realizou mas realizou outros no lugar, e ainda tem outros a realizar. Ou crie novos possíveis e ainda válidos para fazer acontecer. Há sempre algo maravilhoso para criamos na nossa vida até o último instante.


Sonhos já vencidos são frustrações, ocupam espaço no coração e na mente e não servem para mais nada. Desapegue. Já foi.
A responsabilidade de administrar nosso freezer é apenas nossa. Não de nossos amigos, amantes, parentes, pais, irmãos, governos, patrões, sacerdotes. Eles não sabem quais são nossos sonhos. Eles não abrem nossos freezers. Eles não sabem ler as legendas de intensidade, prioridade e prazo. Somente nós podemos fazer isso. Somos os mestres da nossa história, da nossa fábrica realizadora de sonhos e isso é libertador.

Sonhos tem prazo de validade e precisam de você, só de você, para acontecer. 
Vamos dar uma olhada no freezer e na vida. 
Em qual sonho seu você está trabalhando, exatamente agora, na sua própria direção?






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